sábado, 8 de agosto de 2009

Porto de Moz se consolida na posição de cidade turística no Oeste do Pará

O sucesso no turismo é resultado dos investimentos na mídia e nos cuidados com a infra-estrutura da cidade

IVAN LOPES

A propaganda é alma do negócio. Isso é tão lógico e parece tão consensual, que a gente tem a impressão de que o assunto não carece de qualquer discussão. Estamos redondamente enganados. Há muitos comerciantes e gestores públicos que encaram os investimentos na mídia como um gasto desnecessário e sem retorno.

Há alguns anos cometi esse grave erro quando vi as praias de Natal e outras cidades do Rio Grande do Norte estampadas nas revistas de circulação nacional como Veja e Playboy. Logo na playboy, uma revista masculina de grande apelo erótico?! Como poderia um governante gastar dinheiro público numa revista destas se considerarmos que a população daquele Estado padecia com a falta de alimentação, escassez de água e problemas na educação, saúde e infra-estrutura? Não seria uma afronta aos princípios daquele povo conservador e altamente religioso?! É, confesso que foi justamente assim que interpretei aquele fato e hoje me envergonho disso.

Os governantes do RN estavam corretos. Eu Estava redondamente enganado. O objetivo do governante que utilizava as páginas das revistas de grande circulação nacional para mostrar as belezas naturais do Estado paradisíaco foi alcançado através dos anos. Hoje, o turismo é uma das atividades mais rentáveis para os potiguares. Juntamente com o turismo vieram os grandes investidores nacionais e internacionais e Natal e o resto do Rio Grande do Norte cresce desenfreadamente. Graças a melhoria da situação econômica do Estado, foram feitos importantes investimentos nos setores de saneamento básico e o abastecimento de água, por exemplo, já não é um dos problemas mais graves daquele povo.

Hoje, todos querem morar em Natal. O Estado tem 400 quilômetros de praias lindíssimas, limpas e aconchegantes que, aliadas a hospitalidade dos potiguares, coloca o Rio Grande do Norte numa posição de destaque no turismo mundial. As pessoas se educaram para atender aos turistas e todos incorporaram o espírito hospitaleiro. Do taxista ao gari, todos têm o prazer de prestar informações e de tratar bem aos que visitam o Rio Grande do Norte.

Essa historinha é apenas para introduzir outra história mais recente que ocorre na nossa região: o turismo em Porto de Moz, no Oeste do Estado do Pará, na região do Xingu.

Há alguns anos ninguém praticamente conhecia as belezas naturais desse belíssimo município, até que à convite do prefeito da época, o Jornal Folha Vale do Jari começou a estampar em suas capas as fotografias coloridas dos paraísos existentes naquela cidade. As praias de água doce, os rios de águas cristalinas, o Festival de Veraneio (FEST SOL) e principalmente o comportamento pacífico e hospitaleiro dos portomozenses chamaram a atenção dos leitores da região do Vale do Jari, do Oeste do Pará e do restante do Amapá e Brasil. Hoje, não é possível voltar atrás. Muitas pessoas que costumavam viajar para outros destinos no mês de julho, tornaram assíduos participantes do Fest Sol.

A cidade de Porto de Moz descobriu no turismo uma das principais fontes de geração de renda e trabalho. A economia antes baseada quase que totalmente na exploração dos seus recursos naturais não-renováveis, agora passa a ser vista com bons olhos por todos os visitantes, pois não há qualquer agressão a natureza. A exemplo dos potiguares e principalmente dos natalenses, a população de Porto de Moz incorporou o espírito turístico e atualmente é vista como um povo hospitaleiro, tranqüilo, respeitador, gentil e atencioso.

Laranjal do Jari, no sul do Amapá, tem ao dispor vários balneários interessantes e a cachoeira de Santo Antônio (na verdade são cataratas, pois são diversas corredeiras e quedas d’água que formam um dos mais belos cenários do mundo) que poderiam ser transformadas em grandes atrações turísticas. Infelizmente essa localidade continua se encolhendo para o turismo, pois os governantes não investem em infra-estrutura e segurança pública. A cidade está cada vez mais apática e sofre com problemas crônicos como falta de estradas pavimentadas, eletricidade de qualidade, saúde, saneamento básico e uma rede de bons hotéis. É uma pena, pois a população já comprovou que também tem um espírito empreendedor, principalmente no terceiro setor econômico que compreende a prestação de serviços aos turistas.

Espero que os outros governantes aproveitem esses dois recortes da história para tomar consciência do papel importante que tem a mídia. Reitero que muitos gestores têm mania de avaliarem que os pequenos investimentos nos meios de comunicação são despesas desnecessárias. É gente que pensa pequeno e quem pensa pequeno terá atitudes ainda mais minimalistas. Parabéns para os potiguares e para os portomozenses que souberam em algum momento de sua história, escolher representantes que pensaram como gente grande!

*IVAN LOPES é professor, pedagogo, acadêmico de Letras, membro da Academia Laranjalense de Letras, Redador-chefe do Jornal Vale do Jari e colunista permanente do Jornal A Gazeta de Macapá. (E-mail: f.lopes.vj@bol.com.br -

site: www.recantodasletras.com.br/autores/ivanlopes)

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